Quando começou a aparecer o plástico, na loja de meu pai uma das coisas que mais me chamou a atenção foi o cinto para calças de homens e meninos – eu com uns oito ou nove anos. Nessa idade a gente acha que não mais é criança, sente-se homem adulto que deve usar cintos. Os primeiros cintos de plásticos - bem puros, de diversas cores - nem translúcidos eram, eram transparentes mesmo. Como sempre, assim que chegavam, pedíamos ao papai e ele nos presenteava – mamãe ficava brava, mas ele não se importava – sempre atendia nossos pedidos.
Colocávamos os cintos transparentes e eles iam se esticando, esticando, e nossas calcinhas curtas acabavam descendo pernas a baixo. Depois de pouco uso enjoávamos deles e voltávamos com eles para a loja, onde eram vendidos. Com o tempo, devido adicionar certos componentes, os plásticos ficaram mais duros e esticavam menos, ou quase nada, e com isso perderam sua transparência.
Com dezoito anos, conheci o velotrol– um velocípede de plástico . Desaprovei a idéia de substituir a madeira e o metal por plástico. Para meu espanto, a coisa pegou e deu certo
No meu primeiro carro, o acelerador de metal se quebrou. Pedi na concessionária para trocá-lo. Quando descobri que o novo acelerador era de plástico, voltei à concessionária para reclamar. Convenceram-me que o mundo estava mudando.
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