Dois hotéis no Calado: o Hotel do Sô Cornélio e a Pensão da Baiana.
De mais luxo o hotel do Sô Cornélio, um empreiteiro de carvão da Belgo Mineira.
A pensão do Sô Armando, um turco baixinho e gordo, e da Baiana, era mais popular – aliás, chamava-se Pensão da Baiana. Criavam como filho um menino, o Calango, cujo nome era Geraldo - capeta em pessoa: endiabrado! De quando em vez, ou quase sempre, a Baiana (Dona Praxedes), para tirá-lo das ruas, acorrentava-o no pé de uma mesa
Às vezes, mamãe comprava comida da Baiana, e eu buscava. Mandava ela ovas cozidas de galinha, eu comia os ovinhos maiores, e de peixe, caviar; destas eu não gostava, principalmente pelo tempero baiano carregado e com muito óleo de dendê, pimenta e colorau.
Sô Armando tinha a mania de pegar a gente pela cabeça e levantava. Doía muito e eu fugia dele – quando encontrava a gente despercebida.
A pensão da Baiana ficava ao lado de nossa loja, tendo apenas um bar no meio. Sô Armando construiu um prédio alto na rua detrás e mudou para lá – virou hotel!
Quando faleceram o Sô Armando e a Baiana, o Calango herdou tudo o que possuíam.
Benedito Franco
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