021 - Fogo na flanela!

Fabriciano é terra quente. Em terra quente as blusas de frio são pouco usadas. No inverno, para espantar o frio, vestíamos camisas, blusas e blusões de flanela e, de quando em vez, pouca gente, as roupas de lã; nylon não existia e lã dava muita alergia. 

 

  

           Nos recreios do Grupo Escolar, os alunos lanchavam em casa. No inverno, eu com uns oito anos, sentado à beira do fogão a lenha, distraí-me e meu blusão de flanela pegou fogo. O blusão tinha uns botões bem grandes, e no desespero não consegui abri-lo. Queimei todas as minhas costas. Uma terrível dor! Foi à tarde. Mamãe tirava uma soneca. Chamei-a. Ela continuava dormindo, não sentindo a importância de minha queimadura. De quando em vez o cansaço vencia-a. Acho que não demorou tanto: as dores encompridaram os meus minutos. Não havia carro - fui a pé para o hospital. Que dor! E bota dor nisso!

 

No Hospital Siderúrgica, durante meses, para a cura de duas grandes feridas nas costas, atendia-me o enfermeiro Tarzan. Quando rapaz, passando por São Paulo, bati nas costas de um guarda civil para pedir-lhe informação. Virando-se, quem vejo?... O Tarzan! 

 

 

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