011 - A bereta da Dona Marcionília

No Calado, hoje Coronel Fabriciano, MG, à boca pequena, ouvia-se dizer que, quando empregados recebiam um bom dinheiro do Coronel Silvino Pereira, este guardava o dinheiro até eles resolverem ir embora. O Coronel Silvino - o Camargo Correia da região - construía a estrada da Vitória Minas e também era empreiteiro de carvão da Belgo Mineira. Os empregados, indo embora, pegavam o dinheiro e a estrada, a pé ou a cavalo. 

 

Um pouco depois do hoje Bairro Mangueiras era dos bons lugares para o assalto. Passando alguém, ou o revoar dos urubus, encontrava-se o cadáver. A população entrava em reboliço, dormia mais cedo, as portas mais bem fechadas. Dona Marcionilia, a esposa do Coronel, baixinha e gorda, corajosa e decidida, fechava a cara, colocava uma bereta na cintura, exibindo-a, e rondava sua residência de esquina, andando no passeio de um lado a outro, por toda a noite. 

 

           Alguns dias passados, e a calmaria voltava à vila. Desconheciam-se os motivos, esqueciam-se o assalto, a segurança, a morte, o morto – tudo como dantes na terra de Abrantes!... como diria minha sogra, Dona Rosa. 

 

         Benedito Franco

 

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