002 - A casa do Vovô

A caçula Myrian, com uns dois anos, mamãe e eu viajamos para Rio Piracicaba, MG, na maria-fumaça da Vitória a Minas, para a casa do Vovô Pedro e Vovó Mariquinha. No caminho, a maria-fumaça ladeando o Rio Piracicaba, passando pela estação da Baratinha, a estação primeira após a de Fabriciano, fiquei eufórico ao avistar e conhecer uma ilha, pois só tinha noção pelo desenho do livro da escola: Ilha é um pedaço de terra rodeado de água por todos os lados - estava escrito no livro. 

 

Em todos os dias, sentia a satisfação do Vovô Pedro em receber mamãe e os netos. Vovó esforçava-se o máximo, agradando-nos em tudo. 

Vovó usava o forno de barro, instalado na grande coberta depois da cozinha, para a feitura de biscoitos vários, entre eles o de polvilho, e broas com sabores da roça – ela gorda, muito branca e suando às bicas, avental comprido, carregando as bandejas do forno - que cheiro! Sinto-o até hoje.

Tio Neide rapazola e Tia Edmar mocinha, os dois mais novos da casa – lembro-me dela brava por algo que Tio Neide andou aprontando – e como aprontava! Os dois sempre foram grandes amigos.

 

 

A casa do Vovô, construída rente à rua, possuía, ao lado de uma varanda, um pátio interno, com alguns canteiros de flores e algumas árvores frutíferas, como o limoeiro, o mamoeiro, a laranjeira e a romãzeira. 

Em Rio Piracicaba, logo abaixo da Estação, morava a Tia Litinha. O Zé Pedro, seu filho, brincava com um velocípede de ferro e partes de madeira, construído artesanalmente por seu pai. Olhava e desejava dar uma voltinha, mas não tinha coragem de pedir e ele não deixava - talvez por achar que eu fosse meio grande.

 

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